quarta-feira, janeiro 24, 2007

Natal - Finvara (24/12)


- Vocês passaram a manhã arrumando os guarda-roupas da Mina? - Lusmore perguntou, sentando-se ao lado das meninas na bancada da cozinha - Não creio...

- Bem, que eu saiba, isso não é da sua conta. - Mina sorriu ironicamente, enquanto mexia o strogonoff que Holly acabara de lhe servir.

Hilde riu discretamente, enquanto levava uma garfada à boca.

- Hei, Lusmore, o Ryl não quis vir com você?

- Ele disse que não ia se meter na casa de ninguém na véspera do natal, visto não ser tão inconveniente quanto a irmã. - Lusmore respondeu, também sorrindo.

A jovem Rostand revirou os olhos.

- Ele só disse isso porque foi você quem foi lá, então, ele não precisou vir aqui atrás de você.

- Além disso, se formos pensar direito, isso significa que ele chamou VOCÊ de inconveniente, Lusmore. - Mina observou, com um sorriso cada vez mais maligno - Obviamente, você foi obtuso o suficiente para não perceber as entrelinhas do que seu amigo lhe disse...

Essa era uma das raras vezes em que Lusmore se via sem argumentos diante de Mina. Para não ter que procurar alguma coisa para responder, ele simplesmente encheu a boca de arroz, e ficou mastigando, pensativamente. Mina e Hilde se encararam, dando sorrisinhos idênticos.

- Vejo que já fizeram amizade. - Godfrey, que acabara de entrar na cozinha, observou, divertido - O que, devo acrescentar, parece ter sido um grande azar para o Lusmore. Estava ouvindo a conversa de vocês lá fora.

- Apenas estamos unindo esforços em nossa cruzada contra os CCC.

- Perdão? - Lusmore perguntou.

- Chatos Chatonildos da Chatolândia. - Hilde respondeu.

- Isso não foi muito criativo. - ele observou, ligeiramente emburrado.

- Você só fala isso porque está na berlinda dessa vez. - Mina respondeu - O que acha disso, "Lulu"?

- Então é uma vingança, Mimuca? - ele perguntou, sorrindo.

Godfrey suspirou, enquanto Holly meneava a cabeça.

- Não adianta. Eu já desisti desses dois há muito tempo. Godfrey. - Holly suspirou, resignada - Parecem até cão e gato, nunca vi para gostarem tanto de brigar.

Mina ficou em silêncio, pensando em como tinha sorte de Holly não saber nada do que aprontava em Hogwarts...

- Mina, você pode vir aqui um instante? - a cabeça de Vincent apareceu no vão da porta da cozinha e ele observou a neta, sério.

- Eu juro que não fiz nada, vovô. - ela respondeu, pondo-se em pé.

Hilde e Lusmore se encararam, rindo baixinho. Godfrey apenas meneou a cabeça, enquanto Holly voltava-se para o balcão da cozinha, procurando alguma coisa que pudesse servir a uma Lucy extremamente enjoada (e que não deixara ainda seu quarto desde que chegara à ilha). Dividida entre a curiosidade e o receio - afinal, não era muito comum ver o avô com a cara tão séria, Mina seguiu para fora da cozinha, para em seguida ser guiada pelo avô até o alpendre do solar.

Lá fora, um magnífico cavalo erguia o focinho, cheirando o ar fresco. O pêlo era profundamente negro, embora junto às patas houvesse raias de branco. Mina não precisava olhar para ele duas vezes para perceber que estava diante de um dos animais que tinham vindo com os primeiros MacFusty para as Hébridas, os philipens.

Era uma raça híbrida dos cavalos selvagens das planícies européias com testrálios. Não podiam voar ou se tornar invisíveis, mas, em compensação eram muito mais rápidos e corajosos que seus ancestrais comuns. Os domadores utilizavam esses cavalos para suas rondas e caçadas pela ilha, pois eram eles os únicos que não temiam enfrentar um dragão, ainda que fossem colocados um diante do outro.

Mina o observava quase hipnotizada. Era um belíssimo animal. Quando era criança, antes de ir para Hogwarts, ela sempre insistia com o avô para que deixasse ela montar um deles, mas o máximo que conseguira fora cavalgar nos animais que o clã mantinha para os serviços comuns. Apesar de ser uma sedentária contumaz, havia duas coisas que ela sempre gostara de fazer: nadar nos mares gelados que cercavam as ilhas e cavalgar.

- Este é Finvara. - ela ouviu a voz do avô, como se viesse de muito longe.

- Finvara? - ela repetiu, bobamente.

Vincent assentiu.

- Ele será o seu cavalo agora que está prestes a começar seu treinamento. É filho de Erin, a égua de Christopher. Mas deve tomar muito cuidado, porque Finvara ainda não é completamente dócil. - aos poucos, o velho patriarca relaxou, deixando que um tênue sorriso surgisse em seus lábios - É seu presente de natal.

O sorriso que Mina deu para ele seria capaz de iluminar até uma noite sem lua.

- Muito obrigada, vovô! Ele é perfeito!

Ela rapidamente abraçou o avô pela cintura, antes de pular os degraus do alpendre, aproximando-se cuidadosamente de Finvara. Os dois se encararam com seus olhos escuros por alguns instantes. Vincent também se aproximou, pousando a mão sobre o ombro da neta.

- Ofereça um torrão de açúcar para seu cavalo. - ele disse, entregando a ela alguns dos doces que trazia no bolso.

Cuidadosamente, Mina aceitou os torrões e ofereceu a mão na direção de Finvara. O cavalo aproximou-se, desconfiado, cheirando-a demoradamente, antes de encostar o focinho frio à pele quente dela. Mina riu baixinho, sentindo cócegas, enquanto Finvara aceitava o presente. Vincent também sorriu, erguendo a cabeça. os primeiros flocos de neve daquele natal começaram a cair sobre seu rosto.

- Acho melhor voltarmos para dentro e... - ele começou.

Antes, entretanto, que pudesse observar sobre como o tempo estava começando a ficar frio, ele ouviu o relichar suave de Finvara e, no instante seguinte, o cavalo estava galopando rápido.

Com Mina agarrada a sua crina.

- MINA!!! - Vincent gritou.

Tarde demais. Ela já estava muito longe para ouvi-lo. Holly apareceu nesse instante, parando ao seu lado.

- O almoço dela vai esfriar. Você poderia ter esperado que ela terminasse de comer. - a velha governante observou.

- E ela podia pelo menos ter pego uma capa. - ele suspirou, resignado.

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